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Do "street dance" para o Royal Ballet de Londres

Sim, um rei

A semelhança com o rodopio de uma flor no ar é só o começo da fascinante história do bailarino brasileiro Thiago Soares

Nem beija-flor, nem borboleta. Homem. No ar, assim parado, assim leve, desce como a flor do ipê que desprende do galho em rodopio suave e mágico até tocar o solo. Um espetáculo que poucos se dão tempo para assistir. Diferente de Thiago Soares que, hoje, quando pisa no palco como primeiro bailarino do Royal Ballet de Londres, todos os olhares estão grudados em cada mínimo movimento que faz.

Um homem, cujo desejo de menino acabou virando uma realidade planetária. Antes da dança, o que ele queria, era essa vontade simples, certamente compartilhada por qualquer um: atenção. Aquela mesma que seu irmão, integrante de um grupo semi-profissional de dança de rua tinha, lá em Vila Isabel, no Rio de Janeiro, onde moravam.

Os olhos do menino brilhavam, porque, afinal, eles eram os reis das festinhas, admirados por todos. Seu desejo, ele disse um dia, não era nem dançar, era ser notado. E como histórias fascinantes acontecem de um jeito incrível, foi a dança que o escolheu. A dança o acolheu para que aquele pensamento abstrato da infância se transformasse em exuberante realidade.

À época, com apenas 12 anos, ficou por ali, como mascote da turma. Mas o físico do menino, o jeito como dançava, como aprendia as coreografias era diferente. Era talento na mais pura essência.

Thiago foi parar na Escola de Dança Rio. Como sobravam meninas e faltavam meninos, os olhares eram todos para ele. Calma, não era esse o grande momento. Ainda. O menino que cresceu sem acesso aos palcos, teve dúvidas. Preconceito. As sapatilhas cor de rosa, disponíveis, ele não usava. Fazia aula de moletom e meia. Era o começo. Questão de tempo.

Mas não demorou muito. Dois anos depois, recebeu o convite para integrar o Ballet do Theatro Municipal. Em 2001, ganhou a Medalha de Ouro no Concurso Internacional de Balé do Bolshoi. O feito, rendeu-lhe um estágio no mítico Balé Kirov. Thiago tornou-se o segundo estrangeiro a integrar a companhia, em 100 anos de história.

No ano seguinte, aceitou o convite do Royal Ballet para começar na posição mais baixa da hierarquia do corpo de baile, mesmo já tendo alcançado posição de destaque no Brasil. Mas os holofotes já reservavam seu espaço: em 2006, tornou-se o primeiro bailarino da companhia. Hoje, aos 34 anos e em plena maturidade artística, Thiago ostenta uma carreira tão estruturada quanto seu corpo, cuja simetria ideal para o balé, impressiona até mesmo quem entende muito do assunto.

Estamos em 2015, ano em que o bailarino completa 15 anos de carreira fora do Brasil. Paixão é uma das peças inéditas que comemoram esse aniversário, em turnê por vários países. Assinada pela coreógrafa Deborah Colker, ela foi moldada por ambos a duros tombos. Uma dança em que a química dos dois explora conflitos e carícias, onde os corpos se chocam e se sustentam. A contemporânea Colker, também reconhecida internacionalmente, foi escolhida por Thiago porque o que ele busca hoje são colaborações com pessoas que tem algum sentido para ele. Aqui, os dois foram aplaudidos de pé por cinco minutos.

Mas voltemos um pouco no tempo. Um dia, dançando em Londres, foi avisado que a realeza britânica assistia ao espetáculo. A tensão estava no ar. Fora instruído a não dizer palavra, a se movimentar o mínimo quando fossem apresentados à rainha no final. Mas o brasileiro – que até hoje sente um frio na barriga pela gafe – estendeu a mão à Sua Alteza e disse “Hi!”. Por um momento pensou que seu mundo ia começar a ruir. E a rainha respondeu ao seu gesto.

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