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Uma barbearia, um rapper, uma história

Uma barbearia, um rapper, uma história.

 

O barbeiro corta, desenha, inventa o cabelo, a barba, o bigode. O rapper Kurtis Blow Jr. corta palavras, cria rimas, desafora o texto, faz música da rua, mas avisa que também quer levar em suas letras, questões da vida.

 

Em Los Angeles, as barbearias costumam ocupar um lugar especial na comunidade afro-americana. Ponto de encontro seguro, porto de troca de ideias, campo para tecer contatos. Em essência, são centros culturais da comunidade negra. Assim como o hip hop que corre nas veias de Kurtis, as barbearias traduzem cidades internas, externam vontades, têm ritmo próprio.

 

O caminho de Koli, como é chamado, é só dele, nesse mundo em que cada um é um somente e não a história do outro. O outro, no caso, é seu pai, de quem herdou o nome e o pulso rapper e que, ainda por cima, é considerado uma lenda do hip hop, um dos primeiros a fazer sucesso mundial, isso lá em 1979. 

 

Tudo bem, Koli segue sua toada. Já gravou vários álbuns, já fez tour mundial, tem pegada própria e uma comunidade de fãs que costumam motivá-lo a produzir mais e mais. Ali, naquela barbearia, criou (talvez sem saber) uma referência para se traduzir nessas imagens. Buscou no padrão do lugar algo que o deixasse à vontade. Em sua música, entretanto, o que ele pretende é criar uma assinatura, um padrão que seja só seu, ou que pelo menos surja, a partir dele.

Grandes miniaturas

Uma fábula sobre o mínimo monumental

Difícil encontrar alguém que, lá na frente, enxergue a vida como um papel em branco. Até mesmo quando a memória apaga, a história fica. E embora a tinta possa ser aguada e fraca para alguns, para outros, parece, sobram cores, coragem e inspiração. Entre esses que incorporam esse talento para transformar um tico de nada, um cisco que seja em puro encanto e, assim, preencher todos os cantos do tal papel até que ele não suporte e transborde ( para nossa sorte!), está Willi de Carvalho. Não é de agora, nem de ontem, nem foi de estalo. Quando menino, parecia que a coisa já era sina. No quintal de casa, ele inventava o brinquedo que não tinha. Criava um mínimo monumental, ao dar vida própria a um palito, um grampo de cabelo, que incorporavam pequenas fábulas. É que o menino já gostava de detalhes, que o olhar escrutinava com zelo. Era assim que, de uma hora pra outra, todo tipo de objeto que estivesse ao alcance da mão e da imaginação ganhava um mundo novo. Os materiais utilizados por Willi fazem parte de um mundo concreto, mas a criatividade – esse algo impalpável que vem de toda parte – sempre foi alimentada pela música, pela literatura, por viagens e por o que quer que seja que o olhar possa alcançar.

Um dia, o artista curitibano Hélio Leites viu uma maquete do menino e ficou tão impressionado que o incentivou a continuar criando objetos em miniaturas, mais precisamente em caixas de fósforo e materiais reciclados. A partir de então, as miniaturas passaram a ser sua especialidade. Graças a elas, hoje Willi é reconhecido por colecionadores, marchands e donos de importantes galerias brasileiras.

Tema recorrente em sua obra, as festas populares, em especial as mineiras, contam um pouco da vida de Willi, natural de Montes Claros, cidade do norte de Minas Gerais. Festas religiosas e profanas, catopés, caboclinhos, marujada, reinado e congada fazem parte de grande parte de seu trabalho. Símbolos como o estandarte, peça importante nesse tipo de festa, e os espirais, que representam a presença barroca das cidades históricas mineiras também tem forte presença em suas peças.

Para ele, a intenção é lembrar Minas e não copiar a cidade. Coisa da imaginação mesmo. Também deve ser coisa da imaginação essa curiosa tarefa de encaixar tanta grandiosidade em tão pouco espaço. Uma vez, em uma entrevista para a televisão ele disse mais ou menos assim: “Eu imagino alguma coisa, um desenho no ar. Como se fosse uma orquestra, vou orquestrando uma ideia. Passo tudo para o papel, anoto tudo o que quero. Só depois faço a peça. Mas nunca fica igual ao que pensei lá no começo. Ou eu tiro, ou acrescento alguma coisa.” Willi, será que nós podemos pedir uma coisa¿ Continue imaginando, continue vendo desenhos no ar, anotando, tirando e acrescentando o que quiser. É que a folha da nossa vida ganha esse tanto de fábula quando nos deparamos com uma obra sua. Numa hora dessas temos a certeza de que, quando a arte está presente, ela encosta bem no meio da nossa eternidade.

 

 

 

Os bastidores da Mocidade Independente Padre Miguel

Te avisei que a cidade era um vão da tua mão

Quando uma escola de samba entra na avenida, muitos dos que veem, estupefatos, toda aquela explosão de beleza, não imaginam o quanto de história é necessário para se construir tanto encantamento.   História de gente que se dedica a transformar sonho em realidade. Por traz de cada alegoria, cada fantasia, cada coreografia, há o trabalho exaustivo de pessoas que acreditam na alegria como uma forma de se viver melhor. Carnaval, quando acontece, é isso: alegria que vem direto da fonte, o baticum festeiro de cada coração.  Estas cenas que você vê aqui fazem parte dos bastidores da Mocidade Independente Padre Miguel.

Tem outro tipo de magia, porque mostram essas pessoas que, antes do grande espetáculo, criam calos nas mãos trocam a noite pelo dia, cuidam, embalam, alimentam um filho que é de todos. E que só se torna real, na hora em que a escola pisa na avenida. No meio dessa história que aqui a gente conta em imagens, está Jorge Teixeira, destacado maître (professor de companhias) de balé da atualidade. Aqui, ele faz parte do seleto grupo dos que ensaiam e cuidam da produção e tudo mais que envolve a comissão de frente das grandes escolas de samba brasileiras. A disciplina, a seriedade e o comprometimento que fazem parte de seu trabalho no carnaval são ingredientes que ele já conhece no balé clássico.

Sim, mas onde está o Jorge? Está em toda parte. Ele vai e volta e gira e se contorce e dá a mão e cria, vê, revê, repassa, mexe, acompanha, conserta. Faz parte do todo, de toda essa gente que não precisa de lamê, nem de paetê para brilhar tanto. Seria possível explicar tanta loucura por carnaval e essa estranha vocação que o brasileiro parece ter para ser feliz?

Sente, primeiro, a emoção na avenida, depois a gente conversa.

Do "street dance" para o Royal Ballet de Londres

Sim, um rei

A semelhança com o rodopio de uma flor no ar é só o começo da fascinante história do bailarino brasileiro Thiago Soares

Nem beija-flor, nem borboleta. Homem. No ar, assim parado, assim leve, desce como a flor do ipê que desprende do galho em rodopio suave e mágico até tocar o solo. Um espetáculo que poucos se dão tempo para assistir. Diferente de Thiago Soares que, hoje, quando pisa no palco como primeiro bailarino do Royal Ballet de Londres, todos os olhares estão grudados em cada mínimo movimento que faz.

Um homem, cujo desejo de menino acabou virando uma realidade planetária. Antes da dança, o que ele queria, era essa vontade simples, certamente compartilhada por qualquer um: atenção. Aquela mesma que seu irmão, integrante de um grupo semi-profissional de dança de rua tinha, lá em Vila Isabel, no Rio de Janeiro, onde moravam.

Os olhos do menino brilhavam, porque, afinal, eles eram os reis das festinhas, admirados por todos. Seu desejo, ele disse um dia, não era nem dançar, era ser notado. E como histórias fascinantes acontecem de um jeito incrível, foi a dança que o escolheu. A dança o acolheu para que aquele pensamento abstrato da infância se transformasse em exuberante realidade.

À época, com apenas 12 anos, ficou por ali, como mascote da turma. Mas o físico do menino, o jeito como dançava, como aprendia as coreografias era diferente. Era talento na mais pura essência.

Thiago foi parar na Escola de Dança Rio. Como sobravam meninas e faltavam meninos, os olhares eram todos para ele. Calma, não era esse o grande momento. Ainda. O menino que cresceu sem acesso aos palcos, teve dúvidas. Preconceito. As sapatilhas cor de rosa, disponíveis, ele não usava. Fazia aula de moletom e meia. Era o começo. Questão de tempo.

Mas não demorou muito. Dois anos depois, recebeu o convite para integrar o Ballet do Theatro Municipal. Em 2001, ganhou a Medalha de Ouro no Concurso Internacional de Balé do Bolshoi. O feito, rendeu-lhe um estágio no mítico Balé Kirov. Thiago tornou-se o segundo estrangeiro a integrar a companhia, em 100 anos de história.

No ano seguinte, aceitou o convite do Royal Ballet para começar na posição mais baixa da hierarquia do corpo de baile, mesmo já tendo alcançado posição de destaque no Brasil. Mas os holofotes já reservavam seu espaço: em 2006, tornou-se o primeiro bailarino da companhia. Hoje, aos 34 anos e em plena maturidade artística, Thiago ostenta uma carreira tão estruturada quanto seu corpo, cuja simetria ideal para o balé, impressiona até mesmo quem entende muito do assunto.

Estamos em 2015, ano em que o bailarino completa 15 anos de carreira fora do Brasil. Paixão é uma das peças inéditas que comemoram esse aniversário, em turnê por vários países. Assinada pela coreógrafa Deborah Colker, ela foi moldada por ambos a duros tombos. Uma dança em que a química dos dois explora conflitos e carícias, onde os corpos se chocam e se sustentam. A contemporânea Colker, também reconhecida internacionalmente, foi escolhida por Thiago porque o que ele busca hoje são colaborações com pessoas que tem algum sentido para ele. Aqui, os dois foram aplaudidos de pé por cinco minutos.

Mas voltemos um pouco no tempo. Um dia, dançando em Londres, foi avisado que a realeza britânica assistia ao espetáculo. A tensão estava no ar. Fora instruído a não dizer palavra, a se movimentar o mínimo quando fossem apresentados à rainha no final. Mas o brasileiro – que até hoje sente um frio na barriga pela gafe – estendeu a mão à Sua Alteza e disse “Hi!”. Por um momento pensou que seu mundo ia começar a ruir. E a rainha respondeu ao seu gesto.

Congado – uma história ancestral

De frente, sempre

Na Comunidade Quilombola de Sapé, no município de Brumadinho, MG, a Guarda de Moçambique celebra uma história ancestral. A minha celebração aconteceu em novembro de 2011

De terra, aos trancos e solavancos, uma estrada parece mais longa. Com sol a pino, nem se fala. Para quem vem do distante, chegar pode ser seguir adiante.

Sem mácula, sem fome de tum tum, tum tum, tum tum, já vou avisando, nem precisa ir. É preciso ter pelo menos uma nesga desse sol incandescendo por dentro. Daí em diante, acontece.

Foi o que se sucedeu. Eu não sabia quase nada do porvir. E ainda tinha aquele ar parado, engruvinhado do sertão. Não animava nem minhoca, nem gavião.

Foi quando eles chegaram.

Quem moveu o tempo e o vento? Foi o tambor, o violão, a rosa rosada ou o sorriso de sua dona, que dançava batendo o pé no chão? Quem disparou meu coração?

Congar significa dançar. Preservar a memória do congado é abrir brecha para se emocionar com cores tão plurais, cantos, instrumentos e elementos culturais que continuam vivos, de uma história que vem lá de longe. De pai para o filho, o filho do filho, para o filho do filho do filho. Quem comanda é o capitão, que pode ser identificado por um bastão que só a esses homens pertence.

As raízes estão na África. No congado, os antepassados, as almas dos escravos, o fundador da irmandade, reis, rainhas e capitães falecidos são lembrados e reverenciados. A cultura congadeira é fiel aos ancestrais. Assim, eles fortalecem a identidade que têm. Toda identidade tem uma história, e ali, a minha, deixou de ser a foto de uma cédula guardada na carteira. De alguma maneira, me senti parte do todo.

Os Moçambiques, congadeiros tradicionais, entoam cantos de manifestação e de fé. Nos pés, levam latinhas amarradas. Representam o povo que ficou à beira do mar chamando a Senhora do Rosário, entoando cantos sem dar as costas.

Quando fazia o caminho de volta, era assim que me sentia. Tornou-se impossível dar as costas a essa surpreendente realidade.

 

A história de Juscelino

Um sorriso que era só escancarado, virou de alto luxo

Os milagres sempre acontecem na vida de cada um e na vida de todos. Mas, ao contrário do que se pensa, os melhores e mais fundos milagres não acontecem de repente, mas devagar, muito devagar. (trecho de “Para Maria da Graça”, de Paulo Mendes Campos)

 

O amoroso plantador de ervilhas virou honorável restaurateur. Parece manchete de jornal. Foi o que aconteceu, mas não assim... plink!, como se aqueles grãos crescessem que nem o encantado pé de feijão de João, até as alturas. Era o que Juscelino Pereira queria aos 16 anos, e quer até hoje. Não mais com a plantação, e sim como seus aclamados restaurantes em São Paulo, sucesso de público e crítica. Para ele, parece que o céu é o limite.

Nem faculdade, nem pais empresários. A senha da colheita farta desse homem, que estudou até a oitava série, começa pelo sorriso esparramado no rosto e prossegue com uma receita infalível. Uma mistura de carinho, carisma e obstinação.

Sua vida já foi contada em livro, ilustrada por imagens capturadas em Joanópolis, cidade natal; na periferia de São Paulo, o ponto de partida; no norte da Itália, nas regiões vinícolas de Barolo e Barbaresco, onde Juscelino foi escolher os vinhos de seu primeiro restaurante. Mostram por fim, o dia a dia, a operação, os clientes e os funcionários em ação no Piselli, quando seu sonho começou a se tornar realidade. São imagens orgânicas, como as ervilhas que ele cultivou.

Vamos por partes.

O roteiro da vida desse homem passou pela terra molhada, desceu ribanceira, fez curvas, subiu montanha até encontrar seu devido lugar. Uma história que se sustenta à base da perseverança, de amor pela boa mesa.

Agricultura malograda, ele decidiu tentar a sorte na cidade grande. A primeira parada foi em uma lanchonete na periferia de São Paulo. De faz-tudo virou garçon. Queria mais. A bússola de sua vontade apontou para os Jardins onde, lhe diziam, era “outro mundo”. Foi.

Juscelino aprendeu rápido a degustar e identificar os rótulos dos vinhos. Quando chegou ao Fasano, considerado a meca da gastronomia paulistana, nem se importou em descer alguns degraus e ganhar três vezes menos. No grupo, foram 12 anos de atuação, como mâitre, sommelier e gerente.

 Continuava a querer mais. Com repertório gastronômico não só dos restaurantes em que trabalhou, mas também das viagens que fez como sommelier, abria em 31 de julho de 2004, o Piselli – ervilha em italiano. Naquele dia, completava 35 anos. O sucesso do restaurante abriu portas e ele passou a investir em outras casas: o Zena Caffé, o Grupo Maremonti e La Cocotte. Recentemente, abriu o Piselli Sud, no Shopping Iguatemi, centro do consumo de luxo da cidade.

Os ensinamentos de seu avô paterno, o agricultor Vicente Tavico, de quem era muito próximo, servem de base a tudo o que o empresário realiza. Ele costumava dizer que, aos 35 anos, todo homem já deveria ter realizado algo importante na vida. Outro ditado do avô: "Nunca perca seu nome na praça". Juscelino, que é formado como sommelier pela Associação Brasileira de Sommeliers (ABS); presidente da Confraria dos Restauranteurs de São Paulo e diretor da Associação de Restaurantes de São Paulo (ANR) segue à risca sua história.

 

 

 

Wäls – a bebida divina

O malte, o lúpulo, a levedura e as especiarias são alguns dos ingredientes dessa alquimia. Na fábrica, barricas de carvalho maturam a bebida, as máquinas de envase cumprem sua função, a estação de tratamento de água é um luxo.

Está tudo em ordem: os volumes do maquinário, os sons que ecoam, a engenharia da coisa toda, milimetricamente ajustada.

Mas, para fazer uma cerveja dourada e translúcida como uma pilsen – de baixa fermentação e sabor maltado e lupulado – há um componente fundamental.

Gente.

Do mestre cervejeiro ao assistente do assistente do assistente. Pessoas que afinam os instrumentos de uma orquestra que não produz música, mas receitas sofisticadas.

Como daquela cerveja especial, maturada com cacau belga torrado, que tem espuma branca, corpo aveludado, licoroso e denso e aromas complexos de chocolate, café, toffee e caramelo.

Dentro da fábrica há um quê onírico.

Do lado de fora, os sonhos são para aqueles que sonham.

Pode começar assim: garrafa aberta sobre a mesa, copos cheios, copos vazios, cheios novamente. Inspiração que chega devagar. E cresce. É sexta-feira!

Poderia ser domingo, quarta, não importa. Importa o ritual. Se a cerveja surgiu há dez mil anos, não há nada nesse mundo que ela não saiba demais.

Dizem que primeiro veio o pão.  Logo em seguida, aquilo que os sumérios consideravam a “bebida divina”.

Dois mil anos antes de Cristo, na Mesopotâmia, os babilônios já produziam uns 20 tipos diferentes de cerveja. Umas com plantas aromáticas, outras com um pouco mais de mel, ou menos de cevada e trigo.

Essa aí é a fábrica da Wäls. Uma história familiar que começou no final de 1999. Coincidência ou não, bem na virada do milênio.

Essas quatro letras, hoje, formam um império sob o comando dos irmãos Tiago e José Felipe, que agora têm como parceira a Ambev, considerada a maior empresa de bebidas do mundo.

Pode ser que você beba uma Wäls no Uzbequistão daqui a pouco. Onde for, como for, todo esse líquido milenar tem em sua essência aquilo que mais faz girar nosso planeta: humanidade.

 

 

Uma barbearia, um rapper, uma história

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Grandes miniaturas

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Os bastidores da Mocidade Independente Padre Miguel

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Do "street dance" para o Royal Ballet de Londres

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Congado – uma história ancestral

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A história de Juscelino

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Wäls – a bebida divina

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